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Conquista de Ceuta

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Mensagem  mtv2006 Qua Nov 19, 2008 8:45 pm

Conquista de Ceuta


Expansão portuguesa


A Conquista de Ceuta pelas tropas portuguesas comandadas pelo rei João I de Portugal aconteceu a 22 de Agosto de 1415.


Os motivos
As causas e origens da conquista de Ceuta não são hoje suficientemente claras: uma das razões, a Causa Bélica, teria sido a oportunidade dos infantes (D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique) serem armados cavaleiros por um feito de guerra[1]. Outra, a Causa Religiosa, defendida por historiadores como Joaquim Bensaúde (1859-1951), viram na figura do infante D. Henrique um símbolo do espírito de cruzada, defendendo ter havido na génese da expansão um zelo religioso; Outra, a Causa Política, talvez a ameaça castelhana constante sobre a cidade, defendida por historiadores como Jaime Cortesão (1884-1960), que realçava o desejo da antecipação a Castela na expansão para Africa norte. Estes motivos não são incompatíveis com a Causa Económica, defendida por António Sérgio (1883-1969) e, mais recentemente, Vitorino Magalhães Godinho: Ceuta era uma cidade rica e teriam sido levados pela burguesia comercial, que queria canalizar para Lisboa o tráfego do Mediterrâneo ocidental feito por aquela cidade. Para se informar de todos os pormenores da cidade, D. João I enviou à Sicília dois embaixadores com o pretexto de pedirem a mão da rainha para o infante D. Pedro; estes na passagem colheram todas as informações sobre Ceuta.

Causas económicas: situação geográfica de Ceuta permitia controlar a entrada e saída do estreito de Gibraltar, dos navios que vinham do Atlântico para o Mediterrâneo e vice-versa. Religiosas: expandir a fé cristã, aumentar os territórios onde existia o Cristianismo Sociais: as classes sociais mais abastadas tinham vários interesses nesta conquista - a nobreza queria terras, honras e rendas; o clero queria expandir a fé cristã; e a burguesia queria novos produtos e mercados. Económicas: Portugal tinha falta de trigo, ouro, especiarias. Conquistando a Praça de Ceuta iriamos conquistar uma cidade onde afluiam os produtos orientais vindos da Índia pelas Rotas Caravaneiras do Sahara e traziam ouro, especiarias, etc. Nos arredores de Ceuta existia uma grande produção de trigo. Políticas: o aumento da importância de Portugal no Mundo e a possibilidade de se unir com Castela e governmar toda a Península Ibérica.


A conquista
Um exército de cerca de 20 000 a 19 000 cavaleiros e soldados portugueses, ingleses, galegos e biscainhos havia largado de Lisboa a 25 de Julho, embarcado em cerca de 240 ou 110 navios de transporte e vasos de guerra. Na expedição seguia a fina flor da aristocracia portuguesa do século XV, incluíndo os príncipes Duarte, o herdeiro, Pedro, Duque de Coimbra e Henrique, Duque de Viseu. Após uma escala em Lagos, fundearam dinte de Ceuta a 21 de Agosto, tendo efectuado o desembarque sem encontrar resistência por parte dos Mouros. A guarnição da cidade de Ceuta correu a fechar as portas da cidade, mas as tropas portuguesas foram rápidas a impedir o estabelecimento de defesas adequadas. Na manhã de 22 de Agosto, Ceuta estava em mãos portuguesas. A mesquita foi consagrada e, na primeira missa lá realizada, os três príncipes da Ínclita geração presentes foram feitos cavaleiros pelo seu pai. Ceuta seria a primeira possessão portuguesa em África, estratégica para a exploração Atlântica que começava a ser efectuada.

Deixando ficar o conde de Viana, D. Pedro de Meneses, o rei, os infantes e o resto da frota regressaram a Lisboa em Setembro, tendo permanecido durante treze dias em Ceuta. Os marroquinos não se deram por vencidos e atacaram a cidade em 1418 e 1419, sem qualquer resultado. Manter a cidade constituía-se em um problema logístico: era necessário enviar suprimentos, armas e munições; a maior parte dos soldados era recrutada à força, recorrendo-se a condenados e criminosos a quem o rei comutava a pena desde que fossem para Ceuta e ainda recompensar generosamente os nobres que ocupavam postos de chefia. Julgaram consegui-lo, quando do desastre português de Tânger, pedindo como resgate do infante de D. Fernando a cidade de Ceuta. Mas D. Fernando faleceu no cativeiro e a cidade continuou portuguesa (1443). Ceuta teve que se aguentar sozinha durante 43 anos até que a posição da cidade ser consolidada com a tomada de Alcácer Seguer (1458), Arzila e Tânger (1471).

A cidade foi reconhecida como possessão portuguesa pelo Tratado de Alcáçovas (1479) e pelo Tratado de Tordesilhas (1494).

Quando da Dinastia Filipina, Ceuta manteve a administração portuguesa, assim como Tânger e Mazagão. Todavia, quando da Restauração Portuguesa, não aclamou o Duque de Bragança, como rei de Portugal, mantendo-se espanhola. A situação foi oficializada em 1668 com a assinatura do Tratado de Lisboa entre os dois países, e que pôs fim à guerra da Restauração.


O fracasso de Ceuta
As expectativas que existiam em relação aos benefícios da conquista de Ceuta não se confirmaram. Pode-se mesmo afirmar que sob o ponto de vista económico o domínio de cidade de Ceuta foi um fracasso. De facto, as rotas comerciais que afluiam à cidade foram desviadas para outras cidades pelos muçulmanos. Por outro lado, o estado de guerra constante impedia o cultivo dos campos e a produção de cereais. A situação agravava-se devido às elevadas despesas militares para manutenção desta praça africana. Chegou a colocar-se entre os membros da Corte a hipótese de abandonar a cidade de Ceuta. O Infante D. Pedro, em carta ao seu irmão, afirmava mais tarde: “Ceuta é um grande sorvedouro de gente e dinheiro”.


Referências
Gomes Eanes de Zurara, Crónica da Tomada de Ceuta (escrita em 1453, trata-se de uma importante obra relativa a esta guerra.)
Mestre Mateus Pisano, Livro da guerra de Ceuta (escrito, em 1460, em latim, este livro foi vertido em português por Roberto Correia Pinto.)
Antoine de la Sale (única testemunha ocular da guerra de Ceuta), Consolações dirigidas a Catharina de Neufville, Senhora de Fresne (escrita, em 1453, em francês, esta obra foi vertida em português pelo general Carlos du Bocage.)
Arkan Simaan, L'Ecuyer d'Henri le Navigateur (romance histórico, em francês, editado por Harmattan. Nos primeiros capítulos encontra-se uma descrição da tomada de Ceuta e da ocupação da cidade até o cerco de 1418-1419. Em seguida vem o relato das atividades do Infante Dom Henrique em Sagres, as expedições marítimas, as descobertas de Porto Santo e da Madeira, a passagem do cabo Bojador por Gil Eanes, o desastre de Tanger e a chegada dos primeiros escravos africanos em Lagos.)

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